terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Reflexões sobre consumo

Esse texto foi escrito no final de 2008.  O consumo pelo consumo, como uma atividade que preenche uma sociedade vazia, foi à forma que eu encontrei para amarrar o texto.

 A idéia aqui é refletir sobre alguns aspectos da atualidade e suas conseqüências. Na atual sociedade muito se questiona sobre os limites de consumo, muitos defendem a TESE de que a sociedade deveria dar as costas aos chamados bens materiais e buscar uma vida mais reflexiva, priorizando as relações humanas em detrimento do consumo desenfreado. Outros são opostos a essa idéia e defendem, como uma ANTÍTESE, a lei de mercado como processo da revolução industrial, onde todos devem ter direito aos bens de consumo, pois isso não só gera riqueza como impulsiona os homens a novos desafios trazendo assim um desenvolvimento natural. Como resolver essa questão? A Filosofia nos propõe uma dialética entre as duas questões, ou seja, uma reflexão sobre os dois lados buscando decisão refletida e embasada, assim se tem a SÍNTESE, que em minha opinião é o equilíbrio entre os dois lados. Não podemos abrir mão do consumo, nos dias de hoje, o mundo, a sociedade, as relações, tudo que possamos imaginar tem relação com o consumo, por outro lado, os aspectos humanos jamais poderão ser descartados. Em minha opinião buscamos no consumo suprir necessidades / sentimentos que as relações humanas deveriam nos proporcionar. Para exemplificar cito um jovem que dispensa horas de seu dia em um Chat na Internet, na verdade está buscando um amigo que não tem, o mesmo exemplo serve para produtos tecnológicos aos quais os jovens estão cada vez mais dependentes, essa dependência é reflexo de uma carência afetiva. A SÍNTESE nesse caso é o equilíbrio entre os dois lados. A reflexão é uma boa forma para se manter focado nos objetivos da sociedade moderna (sucesso no trabalho e na vida pessoal) sem se perder nos desafios e cobranças de um sistema capitalista que cobra o seu melhor desempenho em todas as áreas a todo o momento. No conceito de ALIENAÇÃO, Karl Marx se preocupava muito com essa questão, para exemplificar citamos o caso de um sapateiro do século XVIII que produzia artesanalmente o produto do inicio ao fim, conhecendo todos os processos, desde a costura até a colagem da sola. Na sociedade atual as pessoas, mesmo as que trabalham em fabricas de sapatos, não sabem como os produtos são fabricados. Não tendo o controle do que ela mesma está produzindo essa pessoa acaba não tendo o controle da sua própria vida. Podemos relacionar o conceito de ALIENAÇÃO: com o excesso de informação que as pessoas recebem diariamente por todos os meios de comunicação e, em especial pela Internet, por se tratar de uma mídia extremamente veloz que transmite milhares de informações todos os dias. Essa ferramenta gera nas pessoas uma perda de foco, não se pode refletir sobre uma única questão quando recebemos milhares por dia e se não refletirmos sobre nossas decisões estamos entregando essa tarefa a outras pessoas, caracterizando a ALIENAÇÃO. Outro aspecto que deve ser ressaltado é o FETICHISMO onde o valor do produto é medido pelo seu aspecto sobrenatural, ou seja, um produto por si só não tem o valor que lhe é empregado, ele precisa de um toque mágico de simbolismo.  Esse fenômeno é fundamental na manutenção do modo de produção capitalista.  Não poderíamos deixar de citar a questão do SIMULACRO onde o fenômeno se constitui na criação de outra realidade através da super exposição ou maquiagem do fato ou assunto debatido, esse artifício é muito usado no campo da política onde a simulação alcança seu maior nível, candidatos em campanha esquecem qualquer tipo de preconceito ou restrição a áreas que certamente não visitariam e se enveredam em comícios e passeatas criando uma realidade totalmente irreal.  Acredito que o processo até que se chegue à uma SINTESE  dos fenômenos citados deve  ser encarado de forma individual, ou seja, cada individuo tem uma característica única e tanto a  ALIENAÇÃO quanto o FETICHISMO agem de forma diferente em cada um, apesar de ambos inclinarem o sujeito à um consumo exagerado e muitas vezes desnecessário. O exercício  para ações reflexivas que negam esses fenômenos deve ser embasada na experiência de vida de quem se submete a isso. Pessoas que costumam buscar soluções em livros de auto-ajuda na verdade estão “delegando” seus problemas a obras que muitas vezes só dizem o que todos nós já sabemos, só que de uma forma diferente, mudando a realidade dos fatos e caracterizando o SIMULACRO. Essa técnica é muita usada pelos políticos. Um ótimo exercício de reflexão usando os três fenômenos citados é a época de eleição. Se o sujeito consegue acompanhar cada candidato e, sobretudo, discutir suas propostas buscando diferenciar ações possíveis das promessas e decide seu voto de forma imparcial, sem dúvida, estará tomando uma decisão refletida negando qualquer tipo de ALIENAÇÃO ou FETICHISMO e ainda se distanciando do SIMULACRO. 


E você, o que pensa sobre consumo? Comente.

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