sexta-feira, 22 de abril de 2011

Fernando Pessoa – Pedras no Caminho

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
Mas não esqueço de que minha vida
É a maior empresa do mundo…
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
Apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
Se tornar um autor da própria história…
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
Um oásis no recôndito da sua alma…
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “Não”!!!
É ter segurança para receber uma crítica,
Mesmo que injusta…

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo…

terça-feira, 12 de abril de 2011

A tragédia em Realengo

O triste acontecimento da semana passada deixou todos nós perplexos, tamanha foi à crueldade do assassino. Um clima de velório tomou conta do país. Os relatos de que o homicida apontava preferencialmente à cabeça das crianças nos faz imaginar diretamente nossos filhos e entes queridos em tal situação. Com uma frieza incomensurável, o jovem atirou em inúmeras crianças. O autor da tragédia tinha características semelhantes aos psicopatas – anti-sociável, fechado, infeliz sexualmente. A humilhação do “bullying” somado ao fanatismo religioso são destacados como possível explicação para o desequilíbrio do autor dos disparos. Muitos defendem que caso houvesse um policial guardando a Escola nada disso teria acontecido. Argumento que eu discordo dada à premeditação do matador, ele teria assassinado o policial da mesma forma cruel que o fez com as crianças. Sendo assim, o que inquieta é a pergunta: Como evitar fatos lamentáveis como esse? Acredito que não exista medida que iniba tal comportamento, esse jovem vem alimentando esse sentimento de ódio e loucura por muito tempo e planejou tudo – é só atentar para o fato dele estar portando dois revolveres e carregador de balas. Nesses momentos procuramos traçar paralelos com outros fatos semelhantes e nos vêm à cabeça os atentados nas escolas americanas. É um esforço para entender o que aconteceu, essa tentativa – que se torna um exercício inútil – nos limita à apenas rechaçar a crueldade de um jovem com sérios problemas estruturais. Quando despejamos toda a nossa indignação em acusações alimentadas pela mídia, não nos atentamos ao exercício da reflexão – O que realmente está acontecendo nas nossas Escolas? Continuamos caindo nas mesmas armadilhas do lugar-comum. O debate que cerca a sociedade se restringe em encontrar culpados e escanteia tudo que não seja voltado às acusações. É uma caça às bruxas com incentivo de 24 horas na televisão, radio, revista e jornal. Existe uma velha discussão de quem dá às cartas na relação entre nós e a mídia: Afinal, pautamos a mídia ou é a mídia que nos pauta? Diferentemente dos que pensam que existe uma troca e que o consumidor de informação tem muitas opções, eu não tenho dúvidas, a mídia pauta nossas vidas. Mas não somos capazes de refletir sem o auxílio/manipulação dos veículos de comunicação? Nesse momento de dor somos induzidos a buscar soluções paliativas, como se o problema de segurança e Educação fosse algo simples de se resolver. Podemos achar muitos culpados: A perda de valores da sociedade atual, os desencontros com Deus, a falta de estrutura da família, etc. No entanto, esquecemos que nós, como sociedade, exigimos um padrão único que tem no belo e no vencedor os seus modelos, humilhamos quem não se encaixa nessas características obrigatórias. Isso sem falar na cultura de aparências em que vivemos, segundo a qual todo mundo tem obrigação de andar na moda. São esses os valores mais fortes na sociedade atual, baseado nesses preceitos deixamos a Escola de lado. É simplesmente uma vergonha o que se paga para um Professor de Escola pública – para citar apenas um dos inúmeros problemas. Fazemos vistas grossas para essa anomalia, como se a Educação na Escola fosse uma mera fase da infância. Pois não é. Os valores que levamos por toda a nossa vida são implantados de forma decisiva na Família e na Escola e dada a rotina insana que vivemos hoje em dia, a instituição Escola deveria ser a mais privilegiada das instutições – Afinal é lá que estamos construindo as novas gerações e definindo o nosso Futuro como Sociedade. E nesse aspecto caímos novamente no lugar-comum quase que ingênuo de transferir toda a responsabilidade para o Estado. Vemos o governo como solução de todos os nossos problemas e o que é pior, no Brasil, o presidente tem status de Messias, o que irá salvar todos das injustiças e mazelas da vida. Simplesmte transferimos nossas responsabilidades de criar uma Sociedade mais justa com oportunidades iguais para todos. Continuamos a competição desmedida e cruel que é regida pela aparência e ostentação. Essa tragédia é uma oportunidade para refletirmos – se possível sem a intervenção da mídia - sobre qual Sociedade queremos: A do espetáculo, onde pão e circo – somadas à aparência – são indispensáveis ou uma Sociedade com valores calcados no respeito às diferenças e com a Educação como alicerce na construção das relações.