sexta-feira, 2 de abril de 2010

Projeto Cultural - Rua do Samba Paulista

Projeto cultural reúne milhares de pessoas no centro de São Paulo

Sábado, 14h00 centro de São Paulo, uma enorme tenda é armada no Boulevard da Avenida São João, os primeiros acordes anunciam que “Já chegou a hora o samba já vai começar...”. É assim que o Samba Autêntico (ONG que realiza pesquisa, preservação e divulgação da história do Samba com o foco na Cidade de São Paulo) e a UNEGRO (União de Negros pela Igualdade) iníciam o Projeto Rua do Samba Paulista que acontece todo último sábado de cada mês. Frequentado por aproximadamente 5000 pessoas, entre elas adultos, crianças e idosos, o projeto já transformou a Rua General Osório em um pólo da cultura afrodescendente, e desde março de 2009 está sendo realizado no Boulevard da Avenida São João. “O evento destina-se ao resgate, promoção, divulgação e preservação do Samba feito em São Paulo”, conta T-Kaçula, um dos idealizadores do projeto.

Mestre Paulo e T-Kaçula: Música e Consciência na preservação do Samba Paulista

Vários momentos marcaram o surgimento do Projeto Rua do Samba Paulista - que é um exemplo de ação cultural popular e busca a valorização do Samba, ritmo musical criado pelos escravos africanos, símbolo da tradição cultural brasileira que em 2005 foi enquadrada em uma das mais modernas categorias de patrimônio histórico: A do Patrimônio Imaterial. Reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco . Em 1999 acontecia uma reunião de músicos - uma Roda de Samba - dentro da loja de instrumentos musicais “Contemporânea” na Rua General Osório. Esse evento tinha como principais características; tocar sambas consagrados e contar a história do Samba através de pesquisa do Projeto Cultural Samba Autêntico, que em 2001 em parceria com a UNEGRO realizou uma atividade no Pátio do Colégio. O evento chamado “Samba e Cidadania para todos” reuniu e homenageou sambistas da Velha Guarda. Pessoas que sofreram na época da ditadura, momento este onde o Negro que portava qualquer instrumento que remetesse ao Samba era considerado baderneiro e desocupado. Com o grande sucesso desse evento, os sambistas começaram a refletir sobre a criação de um espaço onde poderiam homenagear os mestres da Velha Guarda e debater a importância do Samba. Após reuniões e debates acalorados, definiu-se que em um sábado especifico, no dia 30 de novembro de 2002, o espaço público da Cidade de São Paulo receberia um evento popular com caráter político e sócio-cultural, onde o Samba seria a estrela maior e as pessoas que contribuíram e lutaram para sua inserção na cultura popular brasileira teriam o seu devido valor reconhecido. Nascia ali uma intervenção cultural que já dura sete anos – sem qualquer apoio ou patrocínio de órgãos privados – e que entre muitas atividades já homenageou sambistas da importância de Monarco, Seu Carlão, da Escola de Samba Unidos do Peruche, Seu Nenê, fundador da Escola de Samba Nenê da Vila Matilde, Mestre Feijoada, Hélio Bagunça, Denise do Peruche, entre outros mestres da Velha Guarda.

Edson e Beto: Projeto trouxe revitalização ao centro de São Paulo

Tadeu Augusto Matheus, conhecido no mundo do Samba como T-Kaçula, um dos responsáveis pelo projeto em entrevista à revista Fala Aí! declarou: “Ali naquele momento já tínhamos um ideal, de ampliar o projeto. Porque na verdade a ação era política, trazer o pessoal da Velha Guarda para ser homenageado, falar qual a história daquele cidadão, o porque ele está sendo homenageado, por conta de todas as dificuldades que ele passou, tanto financeiramente quanto familiar, profissional, étnica, racial. ”. O Projeto Rua do Samba Paulista reafirma o Samba de raiz como fundamento da cultura da população paulista que tem espelhado no ritmo suas tradições. O Samba representa uma manifestação popular de resistência cultural, em particular da população afrodescendente, na luta pela preservação de suas heranças e referências culturais, aspectos fundamentais à afirmação de sua singularidade, identidade, inserção social e construção de sua cidadania. Sua ação revela forte caráter sócio – cultural, pois sendo realizado até recentemente numa região publicamente marcada e conhecida como cracolândia, considerada região prioritária no processo de revitalização da área central da Cidade de São Paulo, o projeto transpõe os limites de uma simplória atividade de lazer, inserindo - se nesse universo como atividade política e cultural, contribuição inconfundível e única à revitalização da região.
Público feminino prestigia o projeto cultural

O Projeto Rua do Samba Paulista cresceu de forma espontânea e preenche uma lacuna cultural da Cidade de São Paulo.Outra característica do projeto é criar uma atmosfera para que músicos que estão na platéia participem das atividades, não só tocando os instrumentos, e, portanto, tendo participação direta no evento, como também fomentando a criatividade do público que através de um concurso chamado “Quem sabe faz na hora”, propõe ao publico – com um tema eleito na hora – a criação de uma letra para ser tocada na Roda de Samba. Ao longo de sua existência, amantes, pesquisadores, estudantes, apreciadores, sambistas e público em geral tiveram a oportunidade de se encontrar com músicos e compositores, com a Velha e Nova Guarda do Samba Paulista e suas tradições.

Projeto Cultural Rua do Samba Paulista: O Samba é a estrela maior do evento

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